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Milhã,02/05/2025

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Estudo aponta efeitos negativos da reforma trabalhista de 2017 no mercado de trabalho brasileiro

Estudo aponta que a fragilização dos sindicatos e o aumento da informalidade caracterizam os efeitos da reforma trabalhista nos últimos anos.


Estudo aponta efeitos negativos da reforma trabalhista de 2017 no mercado de trabalho brasileiro Reforma trabalhista de 2017 gerou consequências negativas para o mercado de trabalho e aumento da informalidade, de acordo com estudo da Duke University — Foto: Divulgação/Agência Brasil

Estudo revela impacto negativo da reforma trabalhista de 2017 no mercado de trabalho brasileiro



Pesquisadores da Duke University identificaram que a redução no financiamento dos sindicatos no Brasil, após a reforma trabalhista de 2017, resultou em efeitos adversos significativos no mercado de trabalho nacional.



A reforma, aprovada durante a gestão do ex-presidente Michel Temer (MDB), tinha a meta de fomentar a criação de empregos formais ao introduzir novas modalidades de trabalho, reduzir a litigiosidade nas relações trabalhistas e marginalizar a influência dos sindicatos. Contudo, uma análise realizada pela economista Nikita Kohli, doutoranda da instituição americana, trouxe à tona dados alarmantes: após a implementação da reforma, os salários do setor formal caíram 0,9% e a contratação formal diminuiu 2,5%.



Utilizando informações da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua) do IBGE, referente ao período de 2012 a 2021, Kohli desenvolveu um modelo de análise contrafactual. Este tipo de análise visa entender quais seriam os resultados se a reforma não tivesse ocorrido, isolando assim o impacto específico dessa política.



A economista destacou que, apesar de os trabalhadores formais estarem mais acessíveis em termos salariais, a quantidade de empregos formais foi afetada negativamente. Ela notou que, em contraste, a contratação informal cresceu 6,7% no mesmo período, refletindo uma transição preocupante em direção à precarização do trabalho.



No Brasil, trabalhadores informais incluem aqueles sem carteira assinada e empreendedores sem Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ). Ao final de 2017, aproximadamente 40,2% da força de trabalho ocupada no Brasil estava na informalidade, o que representa cerca de 37,1 milhões de pessoas sem direitos trabalhistas como férias, controle de jornada e FGTS.



Kohli também enfatizou que essa ampliação da informalidade ocorreu em um cenário onde os sindicatos perderam 97% de sua receita devido ao fim da contribuição sindical obrigatória. Essa perda impactou diretamente sua capacidade de atuação e fiscalização no mercado de trabalho.



A pesquisa sugere que o enfraquecimento dos sindicatos levou a um ambiente menos regulado, onde as empresas sentiram menor pressão e fiscalização sobre suas práticas laborais. Kohli analisou as variações regionais à luz da força sindical, considerando que áreas com sindicatos mais ativos enfrentaram um aumento mais acentuado na informalidade após a reforma.



Ela explicou que a relação entre a tendência de aumento da informalidade e a distância geográfica dos escritórios de fiscalização do Ministério do Trabalho pode ter contribuído para o desvio das inspeções para regiões mais próximas, deixando áreas mais distantes desprotegidas.



Ricardo Patah, presidente do Sindicato dos Comerciários de São Paulo, corroborou as conclusões da pesquisa, afirmando que a reforma prejudicou financeiramente os sindicatos, reduzindo sua capacidade de defesa dos trabalhadores e mostrando um cenário de crescente informalidade.



Por outro lado, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de São Paulo defende que as novas regras trabalhistas trouxeram avanços, permitindo negociações flexíveis enquanto salvaguardavam alguns direitos. Apesar disso, as críticas persistem, com a insegurança jurídica que ainda paira sobre a nova legislação trabalhista.



Os dados do IBGE revelam que a taxa de sindicalização continua em declínio, atingindo 8,4% em 2023, o menor nível desde 2012, o que reflete a contínua fragilização do movimento sindical no país. Kohli ressalta a importância de entender a relação entre sindicatos e a informalidade, uma questão crítica em um contexto de economia em desenvolvimento.



Por fim, a pesquisadora destacou que o enfraquecimento dos sindicatos tinha como proposta facilitar a contratação formal, mas os resultados apontam para um aumento da informalidade, um efeito inesperado que merece atenção.




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