Seminaristas refletem nova face da Igreja Católica em meio a desafios e mudanças sociais
Seminaristas enfrentam novas exigências e um cenário de transformação em busca de vocações na Igreja Católica.

Seminaristas e a Nova Face da Igreja Católica
A Igreja Católica se encontra em um momento crucial, especialmente após a morte do papa Francisco, enfrentando desafios como a diminuição de fiéis e a escassez de sacerdotes. Os seminaristas, como Junior Henrique da Silva e Kaik Ribas, refletem essa nova fase.
Junior, de 31 anos, deixou uma carreira estável em uma escola particular em Belo Horizonte (MG) e, após um noivado terminado e duas desistências, finalmente atendeu ao chamado para se tornar padre. Kaik, com 28 anos, abandonou o curso de jornalismo na PUC-MG, impulsionado por um desejo que o acompanhava desde a infância, após três anos em encontros vocacionais.
Atualmente, ambos estão no Seminário Coração Eucarístico de Jesus, que abriga 60 estudantes e foi inaugurado em 1923. O processo formativo é estruturado em um total de oito anos, englobando uma fase introdutória e graduações em filosofia e teologia, permeadas por uma rotina rigorosa e compromissos como o celibato.
Esses jovens seminaristas simbolizam uma nova era para a Igreja, que se adapta a um Brasil em transformação, onde o perfil dos católicos muda constantemente. Dados de 2021 da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) indicavam cerca de 8 mil seminaristas em todo o país, sendo 5,3 mil diocesanos e 2,7 mil religiosos, embora a entidade reconheça que esses números estão desatualizados.
A diminuição da quantidade de seminaristas é uma realidade global, segundo o Anuário Pontifício. O total mundial caiu de 108,4 mil para 106,4 mil de 2022 a 2023. O Brasil, embora ainda mantenha a maior população católica do mundo, viu mudanças significativas em suas estatísticas religiosas. Pesquisas apontam que, em 2020, 50% da população se identificavam como católicos, enquanto 36% devem ser evangélicos até 2026, conforme projeções.
Apesar das dificuldades, como a incapacidade de atender à demanda de fiéis, o padre Evandro Campos, reitor do seminário de Belo Horizonte, assegura que novos jovens estão sendo acolhidos. Ele destaca que a identificação de vocações é feita diretamente pelos párocos, que acompanham os candidatos por um ano antes do ingresso no seminário.
A jornada vocacional, conhecida como "chamado", tem início na infância, em atividades paroquiais. Junior se envolveu desde os 4 anos como coroinha. Ele comenta que sempre sonhou em ser padre e professor, e agora vive essa realização. Kaik, que observava a avó rezar, também alimentou esse desejo desde pequeno, mas se afastou durante a adolescência, retornando à Igreja com mais afinco na faculdade.
A rotina no seminário, que começa às 5h15 com a primeira oração, é marcada por disciplina e aprendizado, mas também por momentos de descontração. Os seminaristas têm acesso a atividades esportivas e culturais, e a convivência com a família é permitida. Além disso, o seminário oferece apoio psicológico e espiritual.
O celibato, um dos aspectos mais debatidos da vida sacerdotal, é tratado com clareza. Junior enfatiza que a escolha é feita de forma consciente e que a formação os prepara para lidar com essa realidade. Kaik complementa que a questão não pode ser vista como solução para os problemas da Igreja.
Historicamente, os seminaristas vieram de áreas rurais e, recentemente, a tendência é que sejam provenientes de grandes centros urbanos. A mudança no perfil reflete a evolução da sociedade brasileira, que agora demanda uma resposta mais dinâmica da Igreja.
Nas questões atuais da Igreja, observações de personalidades do ambiente religioso revelam um destaque para a liturgia tradicional e a influência crescente de padres com presenças marcantes nas mídias sociais. O papa Francisco é visto por muitos como um divisor de águas, quebrando paradigmas e guiando a Igreja para os desafios do século XXI.
A expectativa é que o próximo papa continue a conduzir essa renovação, sendo um "papa da esperança". O processo de escolha será guiado pela fé e pela continuidade do legado deixado por Francisco.
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